sábado, 24 de janeiro de 2009

Leonardo Rêgo: "O DEM não pode abrir mão de uma candidata como Rosalba"


Formado em Administração pela Universidade Potiguar (UNP), o prefeito de Pau dos Ferros Leonardo Rego (DEM) aparece como mais uma das grandes promessas de renovação do cenário político no interior do Rio grande do Norte. Representante de uma das famílias mais tradicionais na política da região do Alto Oeste, Leonardo foi eleito para seu primeiro mandato em 2004. Ele implantou novo sistema de gestão administrativa que, em primeiro momento, até causou impacto negativo a sua popularidade, tendo em vista que a principal filosofia aplicada pelo novo prefeito era a de erradicar de vez a prática do assistencialismo. A atitude, que rendeu antipatia nos dois primeiros anos de governo, também garantiu à Prefeitura de Pau dos Ferros sair da lista dos municípios inadimplentes e sem condições de realizar nenhuma obra com recursos próprios, para o patamar de um dos municípios com o maior número de obras realizadas em quatro anos de governo, como também uma das prefeituras que apresenta estabilidade econômica em todo o interior do RN.

Esses resultados trouxeram o reconhecimento do povo, que o elegeu para mais quatro anos de mandato. Leonardo então passou a ser considerado o "prefeito do empreendimento", homem que se preocupa não apenas com a melhoria da qualidade de vida da população de Pau dos Ferros, mas também da região que envolve mais de 30 municípios. Nos jardins de sua residência em Pau dos Ferros, o prefeito recebeu a equipe do CORREIO DA TARDE para falar sobre sua primeira gestão, os planos para esse segundo mandato e o cenário político que se forma com vistas às eleições em 2010.


Correio da Tarde: Como avaliar seu primeiro mandato?

Leonardo Rego:
Quando assumimos a prefeitura de Pau dos Ferros, é de conhecimento de todos, encontramos o caos generalizado. Apesar de jovem, tínhamos uma meta que era a mudança, nossa principal bandeira de campanha em 2004. Conseguimos estreitar a distância entre a teoria e a prática, que é o grande defeito da política nacional. O que pregamos no palanque colocamos em prática, enquanto prefeito. Para isso, enfrentamos grande desgaste político, mas nunca me deixei abater, já que tinha convicção de que estava fazendo a coisa certa. Conseguimos, então, implantar nosso projeto de gestão, o que acabou com o cenário de inadimplência, que impedia investimentos externos. Essas atitudes fizeram com que iniciássemos o último ano da primeira administração com uma aceitação de mais de 75% da população. Nossa maior conquista nesses primeiros quatro anos de governo foi modificar a cultura administrativa viciada e ultrapassada do assistencialismo. O resultado da vitória nas eleições de 2008 foi sinônimo de aprovação administrativa. Vencemos uma eleição de forma limpa, com aceitação popular ao nosso projeto administrativo.
O que não foi possível realizar em sua primeira gestão?

Algo tem que ser colocado de forma muito clara: uma coisa é assumir um mandato para governar dois anos; outra é assumir realmente por quatro anos. Fomos eleitos em 2008 para administrar de fato Pau dos Ferros por quatro anos, ou seja, não vamos mais perder tempo arrumando a casa. A prefeitura de Pau dos Ferros hoje não se encontra numa situação confortável, mas está estabilizada. Saímos de uma situação de caos para município com capacidade de investimento, por isso a perspectiva é a mais promissora possível.

Quais serão as suas prioridades nesse segundo mandato?

Uma das situações que já tracei como prioridade foi o servidor público municipal. No primeiro mandato, conseguimos grandes conquistas, como a equiparação salarial em quase 40% com relação a quem recebia menos de um salário mínimo, a implantação do Regime Jurídico Único, a realização de concurso público, entre outros. Neste segundo mandato temos o desafio da criação do Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS), o que vai resolver a situação do servidor municipal. Outro fator que gera impacto diz respeito aos precatórios. Com medidas racionais e eliminação de contratos provisórios, passamos a não ter demandas novas de questões trabalhistas. Estamos preparando o terreno para que os próximos gestores assumam uma prefeitura saneada. Não seremos mais gestor no futuro, pois não podemos nos candidatar novamente, mas estamos tendo a preocupação de deixar a prefeitura pronta que ser administrada sem problemas.

Seus posicionamentos ajudaram a mudar o perfil do eleitorado pau-ferrense?

No resultado da eleição de Pau dos Ferros em 2008 não se deve levar em conta o fator quantitativo, mas, sobretudo, o fator qualitativo. Conseguir mostrar ao eleitor de Pau dos Ferros que se pode vencer uma eleição de forma limpa, como fizemos. O grande alicerce que tive foi a aposta de que o reconhecimento pelo trabalho administrativo pode ser convertido em bônus político, e foi isso que aconteceu. Nosso projeto de reeleição foi consolidado em função da aprovação administrativa.

Essa comprovada mudança no perfil eleitoral trouxe reflexos na classe política local? Ou não se pode ainda detectar mudanças no perfil do político local ou regional?

A oposição de Pau dos Ferros hoje está sem oxigênio, pelo terrorismo praticado nos últimos quatro anos. A renovação do poder Legislativo local, em parte, mostrou que a sociedade repudia quem não se preocupa com o sentimento coletivo. A Câmara Municipal de Pau dos Ferros teve uma renovação de 70%. Isso comprovou que a estratégia destrutiva da oposição não foi aprovada pela população. A vinda do PMDB para somar ao nosso projeto pode ter sido sim um dos fatores principais. O partido mostrou maturidade e percebeu que estávamos fazendo uma gestão prudente, futurística, de resultado, o que nos garante uma convivência bastante harmônica. Posso também citar exemplo de mudança em nossa região, como na cidade de Encanto, onde, após soberania de 46 anos de poder, Albereno conseguiu algo parecido como o que fizemos em 2004, vencendo esse grupo. Eu participei ativamente da campanha dele, assim como em Francisco Dantas, na campanha de Gilson. Isso foi importante, já que o exemplo de Pau dos Ferros repercutiu nos municípios vizinhos, deixando claro que se deve deixar o paliativo de lado e acreditar no concreto.

Você recentemente teceu críticas à Associação dos Municípios do Oeste do Rio Grande do Norte (Amorn) e à falta de união entre os prefeitos. O que espera que aconteça a partir de agora?

A presidência da Amorn agora está sob a coordenação do prefeito de Luis Gomes, Dedezinho, um rapaz que já foi prefeito de Major Sales e, ao que me consta, tem o perfil de bom gestor. Estamos na esperança de que ele operacionalize a associação aqui na região oeste. Fiz uma viagem recente à Alemanha, representando prefeitos do DEM no Rio Grande do Norte, por conta de uma parceria entre o DEM e uma fundação Alemã. O fator mais determinante que constatamos da eficiência administrativa em um país de primeiro mundo foi as chamadas circunscrições municipais, em que os municípios trabalham de forma coesa. Aqui no Brasil trabalhamos com diversas barreiras. Vou citar, como exemplo, a vinda do CEFET para Pau dos Ferros. Capitaneamos a luta, mas, dos 30 municípios da região, apenas 15 aderiram ao projeto. Hoje não fazemos parte da Amorn, mas poderemos vir a fazer, na hora em que detectar maturidade. Vou dar outros exemplos: vai ser difícil Pau dos Ferros e o Alto Oeste terem três conquista importantes como estão tendo agora. Falo da Escola Técnica federal, da BR 226 que vai cortar a 405 (contemplando o Anel Viário de Pau dos Ferros) e a expansão da Ufersa, que contemplará nossa região. Tudo isso somado à Universidade Estadual, teremos aqui um pólo universitário. Por qual motivo a Amornn em nenhum momento se envolve em projetos como esses? Tudo isso vai servir à região. Eu, como prefeito de Pau dos Ferros, sempre estaria engajado em projetos assim. Então é uma crítica construtiva que faço, para que exista coesão entre os municípios. Quero deixa claro que não tenho pretensão de assumir a Amorn, quero apenas que a entidade funcione.

Seu rompimento político com a governadora Wilma de Faria (PSB), na eleição 2006, trouxe algum tipo de perda? Ou você acredita que sua atitude o fortaleceu ainda mais politicamente?

Inquestionavelmente, no primeiro ano de governo eu era parceiro da governadora, e trouxemos investimentos importantes para Pau dos Ferros, como o Centro Vocacional Tecnológico, a ampliação dos Cursos na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), as obras de pavimentação asfáltica e a urbanização da 13 de maio, além do Farmácia de Todos e da Central do Cidadão. Isso num curto espaço de tempo. Após a decisão que o partido tomou, e a governadora sabia que teríamos fidelidade à posição do partido, contrariando até a lógica, deixamos o governo. Agora é muito triste ouvir falar sobre convergência da bancada em torno do interesse do RN, quando ela não esta fazendo o dever de casa. Hoje não se tem mais relação com o Governo do Estado nem através de telefone. Quando o Governo realiza solenidade aqui sequer o prefeito é convidado a participar. Cadê a maturidade institucional? Essa e a realidade hoje posta. Já com relação à bancada federal, não tenho do que me queixar, porque, além dos parlamentares que tenho vinculo direto - como os três senadores e o deputado Felipe Maia, todos os parlamentares têm sido muito acessíveis, se mostrando preocupados com interesses maiores, que são os interesses coletivos do Estado. Então esse comportamento da bancada tem suprido a lacuna, a omissão do governo do Estado em relação a Pau dos Ferros, sem deixar de salientar os méritos que o governo teve no momento em que fui aliado.

Qual a sua avaliação do atual quadro político do Estado e as perspectivas com relação à eleição de 2010?

Pela experiência que temos, nos últimos anos as alianças partidárias têm se consolidado às vésperas das convenções. Foi assim em 2004, em 2006 e agora em 2008. Já absorvemos alguma experiência e não é salutar precipitar alguns fatos. O que há de concreto é que hoje minha afinação com o DEM, que é o meu partido, e com o PMDB, é a mais perfeita possível, e pelo que temos presenciado existe uma compatibilidade ampla de convergência com PMDB, não apenas em Pau dos Ferros, mas em nível de Rio Grande do Norte. Nossa perspectiva é promissora porque eu espero que nos meus dois últimos anos de governo tenha o Governo do Estado como aliado de Pau dos Ferros. Nominar no momento não é muito pertinente, mas que há esse projeto promissor, isso há.

Mesmo tendo falado que nominar não é salutar no momento, Rosalba seria o nome do governo que Leonardo sonha como aliado nos dois últimos anos de sua administração?

O nome de Rosalba é o que está sendo cogitado. Eu vou até confessar que pela experiência que temos na região: ontem mesmo participei da festa em Encanto e o que a gente sente nas ruas é que ela tem uma grande aceitação. As vezes que ela vem em pau dos Ferros seu nome está sendo bastante referenciado. Posso dizer com toda convicção que se a eleição fosse hoje Rosalba seria a governadora do Estado. Mas não há uma firmação categórica dela própria de que ela seja a candidata. Mas precisamos demandar o tempo para se chegar a um denominador comum.

Como você avaliar os rumores de um provável distanciamento político entre a senadora Rosalba Ciarlini e o senador José Agripino?

Eu reputo isso como especulação. Inclusive faz parte da política. Eu vejo até como um charme. Em ano que não tem eleição o charme é a especulação. Eu não vejo nenhum distanciamento entre eles. Ao contrario: existe sim uma grande compatibilidade entre o ex-deputado Carlos Augusto, Rosalba e José Agripino. Carlos Augusto e Rosalba têm um histórico de fidelidade a José Agripino. Política se faz com responsabilidade e atitude democrática. Política se faz com espírito democrático. Quando você tem um candidato que está bem referenciado do ponto de vista popular, não tem como remar contra a maré. A política já demonstrou tanta experiência nesse sentido, e todos sabem como José Agripino faz política, de forma transparente. Então não vejo fundamento nessas especulações.Fonte jornal correio da tarde !!!

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